quarta-feira, março 25, 2015



 

Na morte de Herberto Hélder

 

Anunciada a morte  de Herberto Hélder, uma perda assinalável ( quiçà irreparável...),logo acorreram nas redes toda uma série de clichès, onde (até) parece que o autor enclausurado, era  um autor fácil, com uma escrita transparente, de adesão universal.

Muitas foram (e são)as citações. Poucas ou nenhumas enveredaram  pela a apreciação e  identificação da poesia do autor que ,por vontade própria passou de uma vivência em casa de passe, para uma clausura de desígnio.

É estranho que este mito (H.H.),fizesse tudo para ser mito mesmo antes de...

Um poema de HH, é como uma Guernica  surrealista de Picasso: olhamos e temos de aprofundar, ir e voltar, até conseguir o fio condutor que a torne visível ...e perceptível..

Dizia Pessoa (o mito anterior a HH) que escrever é objectivar sonhos. Mas ao dá-los aos leitoes, fica a pergunta: o que tem o mundo destes como meu mundo interior do autor?

Uma obra de arte pode de imediato colher todos os nossos sentidos e emoções. Mas pode exigir uma descoberta : do mundo em que vive o autor. Numa cela ou num deserto. E o mundo do autor pode ser bem diferente do mundo do leitor .Assim cada palavra escrita pode trair o autor. Por isso, aqueles que transcendem os limites, obrigam-se a escrever, mas são avaros em se publicar.

Morreu Herberto Hélder :  o País perdeu um artista da escrita que se obrigou a talhar um escritor á imagem do seu ideal.

Tenho contudo a impressão que ainda é cedo para assimilarmos a sua mensagem escrita. E a de vida...

Comecem ,pois, a lê-lo....e perceberão que se pode gostar muito(e é ,nesse caso uma orgia...)...mas também se pode ficar pela interrogação : o quer dizer HH? (não há que ter medo...).

A HH, só lhe faltava saber tudo...

SF

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