domingo, abril 05, 2015


Amigos:

 

 Não tenho qualquer tipo de religião. Tenho, do exercício das mesmas,  razão profunda de afastamento por me lembrar que as  maiores atrocidades sobre o indefeso humanoide, foram sempre( ou quase sempre...) levadas a cabo evocando falsos credos e equívocos deuses.

Por isso a Páscoa, pouco o nada me diz.Muito embora respeite todos os que assim não pensam. Neste dia, sexta feira, meu Pai comia só (e nada...nada mais...) que um rabo de sardinha salgada. Eu, por educação(e sem saber porquê), respeito a tradição. E hoje vi-me grego para encontrar as sardinhas (péssimas...diga-se...).

Foi um dia massacrante para mim. Não vesti o sudário para com ele amenizar as penas que a vida me trouxe. Não..não me queixo: pois se a vida assim procede comigo, eu também a enganei muitas vezes. Estamos pois, quites...

Mas agora (nesta noite) sobraçando a ria no meu paraíso-acreditem oh! incrédulos!, em boa verdade vos digo que o dito existe-  fui ali ao terraço, encher-me dela .E libertar-me.

Uma penetrante, acre e doce, intensa mas esquiva, maresia, chega-me brotando com uma intensidade   que me resgata, como individuo ,do pesadelo da memória colectiva que hoje é este País. Esta minha obstinação em disfrutar esta maravilhosa dádiva que me é oferecida, levanta-me alguns temores de ingratidão cósmica. Esta obstinação cativa-me. E comove-me. Maravilha-me. Sinto que tenho - ou me foi concedida!- uma alma imensa que não cabe dentro de mim, fisicamente.

 

Ao olhar a Lua lá nos meios da abobada celeste, hoje um pouco enfarruscada, fujo em me  perder no imbróglio desta imensidão que me perturba. E pouso os olhos na paisagem lagunar. Pareço antever  a madrugada, o nascer de novo dia, na peregrina ideia de que o meu dia, seja, amanhã , bem melhor que o de hoje.

Mas se não for, sigo em frente...

 

SF

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